miércoles, 10 de febrero de 2010

PALÍNDROMOS

1.


Eu nao faço nada,

es tu quem vens me lembrar.

E espero-te tranquilo entre as minhas maos

nesta obscuridade de soluçoes

como quem tenta ser

como quem sonha que nada está perdido,

que amanha, tal vez, os dois cansados

ou alegres pela vida e da morte,

caminharemos as ruas e os sonhos

a descubrir esquinas*,

a imaginar o tempo que nao existe,

a rir com os risos de outras luzes

ou a cambiar dores e saudades.

Nao lhe sobra** ao teu nome nenhuma letra,

nem um acento,

nem um traço de cheiro. Tu és o teu nome

enquanto a tarde sonha solidoes

que partilhamos. Só

está o sol como notário de tudo o que foi.

E aquela nuvem

que timideia indecisa, andorinha frustrada,

amor de tanto amor, contentamento*** impossível,

certeza de que foste.

Sabes que continuo çá. Sempre me encontras,

jogas com a vantagem do silencio.

Sou feliz ao sentir que me recordas,

que ainda me queres.

E te faço andar de costas pelos anos

para vir me ver.


Enquanto beijo a tua mao, meiga e fria,

aproveito-me até a ansia

sabendo-te indefeso:

Nao podes fugir do meu egoismo.


É a triste vantagem que temos os vivos.



* cantos ** sobeja *** felicidade


(Versión de Mario Ilde Velasco de Abreu Alves)

2 comentarios:

Anónimo dijo...

Me gustaría entender un poco el significado del título en este poema portugés.

Un saludo.

Jaime Álvarez Buiza dijo...

El título PALÍNDROMOS es el del libro. Éste, en portugués, es una versión que ha hecho un amigo. En español está también publicado aquí.